A motivação é um dos temas mais estudados no campo da psicologia e das neurociências devido à sua importância na regulação do comportamento humano. Sua origem etimológica já nos dá uma pista do conceito: do latim motivus (movimento) e -ção (ação), traduzindo-se literalmente como “o motivo para a ação”. Em essência, a motivação refere-se ao impulso interno ou externo que nos leva a agir, seja para satisfazer uma necessidade, alcançar um objetivo ou simplesmente responder a uma situação específica.
Como a Motivação e as Emoções Moldam Suas Ações
Toda emoção, por definição, visa preparar o indivíduo para uma ação específica, de acordo com as circunstâncias. Nesse sentido, a motivação pode ser compreendida como um processo intrinsecamente emocional. Isso porque a energia e o foco necessários para qualquer ação – desde tarefas simples do dia a dia até a busca por grandes realizações – são mediadas por emoções que desencadeiam a liberação de neurotransmissores e hormônios no corpo, como a dopamina e a adrenalina.
Por exemplo, o medo, uma emoção básica, pode tanto motivar quanto desmotivar. Dependendo da personalidade do indivíduo ou da situação, o medo pode paralisá-lo diante de desafios ou, ao contrário, levá-lo a agir para evitar perdas ou proteger algo valioso. Segundo o pesquisador brasileiro Augusto Cury, “sem emoção não há energia para realizar, sem energia não há foco, e sem foco não há conquista” (Ansiedade: Como enfrentar o mal do século, 2013).
A Relação entre Prazer e Motivação: Por que é Fácil Agir?
Situações que proporcionam prazer imediato frequentemente demandam menos esforço motivacional, já que o próprio prazer esperado serve como estímulo. Isso ocorre porque emoções como entusiasmo, desejo ou ansiedade positiva atuam como catalisadores para a ação. Exemplos incluem:
- Uma pessoa apaixonada ansiosa por um encontro.
- Um amante da gastronomia entusiasmado para visitar um restaurante novo.
- Alguém que aprecia dançar motivado a frequentar uma aula de dança.
Nessas situações, o prazer previsto facilita a ação, tornando o esforço mínimo.
Motivação para Ações Desafiadoras
A motivação se torna mais complexa em situações que exigem esforço e não oferecem prazer imediato. Aqui, podemos dividir as ações desafiadoras em dois tipos:
Ações Desafiadoras Habituais
Estas são tarefas do cotidiano que, apesar de desafiadoras, ocorrem em um terreno previsível – a chamada “zona de conforto”. Exemplos incluem levantar cedo para trabalhar, enfrentar o trânsito ou cumprir prazos. A motivação para essas ações frequentemente está ligada a emoções como medo (de perder o emprego), amor (pelos filhos) ou ansiedade (de concluir uma graduação).
Ações Desafiadoras para Autossuperação ou Realização
Estas envolvem mudanças significativas, como iniciar uma rotina de exercícios, melhorar a gestão financeira ou realizar grandes projetos pessoais e profissionais. São ações que demandam a saída da zona de conforto e, por isso, muitas vezes são abandonadas ou procrastinadas. Segundo a psicóloga brasileira Ana Paula Carrapato, “autossuperação exige um diálogo interno que impulsione a ação, mesmo quando os estímulos externos são desfavoráveis” (Psicologia Positiva na Educação, 2018).
Automotivação: A Competência que Transforma Obstáculos em Conquistas
A motivação frequentemente surge de estímulos externos – um discurso inspirador, um líder carismático, um compromisso financeiro ou uma situação de urgência. No entanto, quando esses fatores não estão presentes, é a capacidade de automotivação que se torna o diferencial.
Automotivação é a capacidade de gerar, de forma independente, a energia emocional necessária para agir, mesmo sem estímulos externos. Trata-se de uma competência fundamental da inteligência emocional, como destacado por Daniel Goleman. No contexto brasileiro, o neurocientista Sidarta Ribeiro reforça que “o cérebro humano é moldado para buscar propósitos, e a capacidade de automotivação é central para canalizar energia em direção ao que realmente importa” (O Oráculo da Noite, 2019).
Conclusão
Compreender a motivação como um processo emocional é o primeiro passo para transformar os processos mentais em ações concretas e produtivas. Este artigo buscou lançar luz sobre o tema para que, a partir desse entendimento, seja possível avançar para a compreensão e o desenvolvimento da automotivação – uma competência da inteligência emocional essencial para realizações relevantes, autossuperações constantes e, acima de tudo, a concretização dos sonhos pessoais.
Nos próximos artigos, você aprenderá como identificar os gatilhos emocionais que impulsionam sua automotivação e técnicas práticas para aplicá-la no dia a dia. Não perca!