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Como treinar educadores para as competências socioemocionais?

Dentro das novas diretrizes apresentadas pela BNCC – Base Nacional Comum Curricular, para a implantação das competências socioemocionais, a primeira delas é preparar o educador, qualificando-o para isso. Mas, qual é o melhor caminho para que essa qualificação ocorra de fato? Basta oferecer conteúdos teóricos sobre o assunto?

Para chegarmos a essa reposta é importante a compreensão de que estamos falando sobre competências não cognitivas, ou seja, a teoria é uma parte pequena dentro do seu desenvolvimento, pois são habilidades que precisam serem desenvolvidas no indivíduo. Ainda não sabe o que são competências socioemocionais? Clique aqui. Fazendo uma analogia, é como querer aprender a tocar violão estudando apenas os aspectos teóricos, sem treinar a habilidade necessária.

Outro ponto importante que precisa ser considerado é o atual cenário da saúde mental entre professores, que evidencia um baixo desenvolvimento socioemocional nesta classe profissional. Diversas pesquisas e publicações evidenciam como uma grande parte dos educadores no Brasil passam por algum transtorno psicológico, como depressão, crises de ansiedade, estresse, apresentam síndrome de Bornout e problemas nos relacionamentos. Uma simples pesquisa no Google pode esclarecer muito sobre isso, como o fato do Brasil ter sido classificado como o país com as maiores taxas de ansiedade do mundo, mas neste artigo vamos destacar algumas publicações relevantes:

1 Site G1 São Paulo – 21/11/2017 Número de professores afastados por transtornos em SP quase dobra em 2016 e vai a 50 mil
  2 Site Globo.com – 11/03/2019 A cada três horas, um professor da rede municipal pede licença por problemas psicológicos
3 Site Folha de São Paulo – 10/06/2019 Educação tem 62 afastamentos por transtorno mental ao dia
4 Site Portal do professor – 07/08/2018 Burnout: síndrome afeta mais de 15% dos docentes
5 Site A mente é maravilhosa – 27/12/2018 A síndrome de burnout em professores

Muito pode ser refletido a partir desses dados, mas independentemente de suas causas, vamos destacar o fato de que um bom desenvolvimento socioemocional impacta positivamente na saúde mental de qualquer indivíduo, pois alguém dotado de competências como autoconhecimento emocional, automotivação, resiliência e boa inteligência interpessoal, por exemplo, consegue prevenir consideravelmente grande parte dos transtornos psicológicos.

Porém, como os profissionais e cidadãos de hoje não aprenderam as competências socioemocionais dentro de uma metodologia adequada, o desenvolvimento dessas importantes habilidades vai ocorrendo, ou não, nas experiências vividas na vida. Ou seja, não se desenvolvem da forma mais adequada.  E isso também se aplica ao professor, que ainda enfrentam grandes desafios, passando por muita pressão diária, sendo considerada uma das profissões mais estressantes do mundo.

Os dados evidenciam que grande parte dos educadores não tem as competências socioemocionais bem desenvolvidas em si mesmo, o que não será resolvido com simples estudos teóricos sobre o tema.  Qualificar um educador, de fato, significa desenvolver nele mesmo essas competências, afinal, só é possível guiar alguém por um caminho percorrido e conhecido. Como um professor ensinará sobre controle emocional se ele mesmo não demonstra essa competência? Como vai desenvolver uma boa inteligência interpessoal se é conhecido por se envolver em conflitos, com alunos, colegas e pais de alunos? Como vai avaliar o autoconhecimento emocional nos alunos se não consegue perceber em si mesmo? Como vai estimular nos alunos uma boa capacidade de liderança se ele mesmo não apresenta essas características?

O mesmo se aplica aos professores do ensino superior, especialmente os envolvidos na formação de docentes, que precisam de qualificação para esta nova demanda do mercado, cujos novos profissionais devem dispor de habilidades para o planejamento e execução das aulas que prevejam as competências socioemocionais.

Por isso é fundamental que os gestores de escolas e faculdades estejam atentos a esta importante demanda, e conscientes sobre os caminhos corretos para lidar com ela. Porque, a qualificação dos educadores para as competências socioemocionais precisa contar com treinamento especializado, aplicado por programas e profissionais da área do desenvolvimento pessoal, preparados para estimular no educador este aprendizado.

Atualmente, existem no mercado brasileiro alguns programas e treinamentos voltados para o educador, que preparam este relevante profissional para um novo e irreversível cenário da educação mundial, que prevê a competência socioemocional como um pilar fundamental deste paradigma.

Texto: Júlio César de Castro Ferreira

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