Competências socioemocionais dentro do contexto educacional

Competências socioemocionais dentro do contexto educacional

Nos últimos anos, o tema “competências socioemocionais” tem sido bastante explorado, especialmente dentro do segmento educacional brasileiro, por estar inserido nas 10 novas competências gerais propostas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

O que são exatamente competências socioemocionais e porque ganharam tanta relevância?

De forma geral, as competências socioemocionais são habilidades que um indivíduo pode desenvolver para conhecer e lidar com as próprias emoções, com os diversos tipos de relacionamentos e necessidades de comunicação, verbais ou não verbais. Além, da capacidade de reflexão, amplo uso da criatividade e dos talentos pessoais.

São consideradas aptidões não cognitivas, ou não racionais, porque, ao contrário das atuais disciplinas convencionais, que dependem mais do aprendizado intelectual, elas estão mais relacionadas ao aprendizado emocional e interpessoal. Para deixar mais claro, listo a seguir alguns detalhes sobre os dois tipos.

Competências cognitivas (intelectuais):

  • Memorização;
  • Raciocínio;
  • Interpretação;
  • Mensuração;
  • Reflexão;
  • Racionalização;
  • Conceitualização.


Competências não cognitivas (socioemocionais):

  • Autoconhecimento emocional;
  • Controle emocional;
  • Automotivação;
  • Empatia (Saber reconhecer estados emocionais alheios e lidar com isso);
  • Inteligência interpessoal (habilidade para se relacionar);
  • Autoestima (Autoimagem positiva ou negativa).

A integração das competências socioemocionais ao currículo escolar reflete diretamente no atual momento do mercado de trabalho, que valoriza muito mais um profissional com bom controle emocional, capacidade de trabalhar em equipe e habilidades sociais, mesmo que tenha menos conhecimento técnico, do que profissionais com grande conhecimento técnico e baixa inteligência emocional ou interpessoal.

Exatamente porque é mais fácil um profissional com boas aptidões socioemocionais desenvolver melhor a parte técnica do que o contrário.
Não é só o mercado de trabalho, mas também o mercado do futuro que exigirá ainda mais dessas competências. O Fórum Econômico Mundial listou recentemente “10 top competências” relacionadas ao futuro do mercado de trabalho, fazendo uma comparação entre 2015 e 2020. Dessas, diversas são classificadas como socioemocionais. Entre elas, destacam-se a criatividade, gerenciamento de pessoas, coordenando com os outros e inteligência emocional.

No contexto educacional, as competências socioemocionais alcançaram grande projeção no cenário mundial devido ao reconhecimento de que a capacidade de gerir as próprias emoções impacta positivamente na maneira como os alunos aprendem os conteúdos, se relacionam, enfrentam as avaliações e desafios escolares. Uma boa capacidade de relacionamento, comunicação e gestão das emoções, aumenta substancialmente as possibilidades de sucesso na vida, tanto na área pessoal quando na profissional.

Os últimos estudos evidenciam que para uma o desenvolvimento humano integral é necessário o aprendizado das competências cognitivas e das não cognitivas.
As competências socioemocionais conectadas com as disciplinas já existentes tem o objetivo de promover uma educação integral, que nesse caso, indica promoção do desenvolvimento em todas as suas dimensões: intelectual, física, emocional, social e cultural.

Já no contexto da educação superior, é fundamental que as instituições adequem suas formações voltadas à docência, visando alinhar seus cursos com esta nova realidade, para que os educadores cheguem ao mercado de trabalho prontos para o novo formato escolar.

Texto: Júlio César de Castro Ferreira

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