Artigo: O carnaval das máscaras psicológicas

Artigo: O carnaval das máscaras psicológicas

mascaras psicologicas

A máscara negativa encobre o Self, e com isso o indivíduo perde sua espontaneidade, para dar lugar a essa persona, que de fato é uma mentira, para si mesmo e para os outros.

O conceito máscaras(persona) foi originado na psicologia analítica, ou como também é conhecida, psicologia junguiana, e tem o objetivo de explicar um importante elemento criado pelo Ego. As máscaras formam a personalidade que o indivíduo desenvolve inconscientemente, movido pelo Ego, para interagir e exibir ao mundo. Trata-se da imagem como um indivíduo mostra-se nas interações sociais diversas, assim como a atitude que assume em resposta aos estímulos externos e internos. A criação dessas máscaras, ou personas, visam também a economia de energia mental nas ações comportamentais, que fazem parte da personalidade principal, que em sua base está a nossa identidade (Self). Porém, algumas dessas máscaras podem estar sendo usadas de forma negativa, e essas “máscaras negativas” formam o que chamamos de “sombra”, ou “falso eu”. “Falso” no sentido de não expressar a verdadeira essência do indivíduo, mas apenas uma distorção dela, e “inferior” no sentido de ser uma personalidade formada por pilares negativos como: carência, raiva, insegurança e crenças negativas.

Ou seja, existe uma diferença significativa entre identidade (self) e personalidade (formada pelo ego e suas máscaras). A personalidade sempre é baseada na identidade, porém se é uma personalidade equilibrada ou não, depende da qualidade das máscaras utilizadas. Trata-se de um personagem representado nos relacionamentos e situações, sempre com o objetivo de proteção, controle ou suprir necessidades.  Já a identidade é a parte espontânea do indivíduo, própria e singular, conhecida como Self na psicologia junguiana. É a verdade por trás da personalidade e das máscaras.

A formação das máscaras (personas)

O indivíduo começa a desenvolver suas máscaras ainda criança, porém pode-se formá-las também na idade adulta, dependendo da necessidade. O ser humano possui necessidades psicológicas específicas, como a “aceitação” e “o sentimento de estar incluso em um contexto social”, que são reflexos das necessidades básicas de sobrevivência e segurança. Por isso, nos primeiros anos de vida a criança já busca essas duas coisas (atenção e inclusão), que para ela resume-se na total atenção dos pais. As máscaras surgem como estratégias de interação, inicialmente com a família e posteriormente com o mundo, podendo ser mais positivas ou negativas.

As máscaras negativas (patológicas)

Na criança, as máscaras negativas surgem para a execução de estratégias visando obter atenção, inclusão ou reconhecimento, podendo variar entre chantagens e bom comportamento, dependendo do ambiente externo, originando assim os primeiros traços da sua personalidade. As máscaras negativas que fazem parte personalidade, acompanharão o indivíduo pela idade adulta, originadas especialmente à partir de relevantes choques nas interações familiares, que podemos chamar de “choques de desamor”. É difícil dizer a faixa etária que isso ocorre, pois varia muito de caso para caso, mas em geral é entre os 5 e 12 anos de idade.

As máscaras negativas encobrem o Self, e com isso o indivíduo perde sua espontaneidade, para dar lugar a esta persona, que de fato é uma mentira, para si mesmo e para os outros. Sempre visando especialmente três objetivos: suprir carências sociais (obter atenção, reconhecimento, aceitação e afeto), proteger-se de frustrações, choques emocionais e julgamentos alheios. Elas são compostas por aparências e atitudes próprias, sempre com a intenção de “passar uma imagem” e alcançar objetivos específicos, que quando são patológicos estão no nível inconsciente. Também faz parte da composição das máscaras a maneira como se fala, os assuntos mais falados, a maneira como se veste e os gostos pessoais.

Essas máscaras negativas fazem parte do repertório do nossos “eu inferior” (sombra), e um indivíduo pode trocar de máscara dependendo da situação e local. Os seus tipos podem variar entre culturas e influencias do momento.

Na base de uma máscara podem existir estados psicológicos muito negativos, como raiva, rancor, mágoas profundas, inveja, prepotência, culpa, vergonha, dentre outros. Sendo a própria máscara um instrumento para ações proporcionalmente negativas, como a vingança, a conspiração, a autossabotagem e o controle alheio.

O resultado prático disso são vários, mas especialmente uma grande dificuldade nos relacionamentos em seus vários níveis, especialmente devido as ações originadas dos “mecanismos do Ego”, e a falta de congruência entre o que se diz e o que se faz. Em geral, apenas o indivíduo acredita ser o “eu idealizado”, enquanto as pessoas mais próximas o percebem de outra maneira.

Máscaras positivas

As “máscaras positivas” são importantes para a socialização do indivíduo, nos diversos tipos de relacionamentos que é submetido, podendo usá-las conscientemente de acordo com a situação. Como um ator representando seus personagens.

Por exemplo: Um indivíduo consciente, entende a importância de deixar na empresa o “personagem profissional”, para assumir o “personagem pai de família”, ao chegar em casa. Tentar utilizar o “personagem profissional” em casa, pode frustrar as expectativas dos familiares e resultar em alguns relevantes problemas.

Porém, um indivíduo só consegue representar esses personagens de forma consciente e espontânea quando for capaz de “curar-se” do que gerou suas “máscaras negativas”, agindo assim a partir do seu “Eu real”, o seu Self.

Autoconhecimento e revelação das máscaras

Apenas o autoconhecimento pode elevar o nível de consciência sobre si mesmo, e revelar quais tipos de máscaras negativas são utilizadas. E o mais importante, o que originou essas máscaras. Quais foram os choques no passado que levaram o Ego do indivíduo a criar essas máscaras? Essa resposta é importante por que apenas a consciência sobre essas dores e todo o mal criado a partir delas (para si e para os outros), pode resultar um uma autêntica cura. Que por sua vez, acontece a partir de uma ressignificação desses acontecimentos, harmonizando-os ao sistema. Ou seja, quando a cura é alcançada, torna-se possível a manifestação do “Eu real”, da identidade (Self), que trará muitos resultados positivos para o indivíduo.

Identificá-las é uma missão difícil, cuja necessidade surge a partir de repetidas crises nos relacionamentos e na vida. Normalmente o indivíduo precisará de ajuda para fazê-lo, porque na maioria dos casos estará preso a um ciclo de sadomasoquismo, viciado nas emoções obtidas pelo uso das máscaras negativas.

Porém, é possível ter sucesso nessa missão dedicando-se a uma sincera auto-observação, e para auxiliar nessa tarefa, segue abaixo algumas das mais utilizadas. Existem muitas variações, sendo quase impossível classificá-las, por isso fique à vontade para uma livre interpretação, de acordo com o seu entendimento.

  • O(a) intelectual;
  • O pai / A mãe de família
  • O(A) ativista
  • O galã
  • A sexy
  • Romântico(a)
  • Homem / mulher de sucesso
  • Espiritualizado(a)
  • O(A) artista
  • O(A) atleta
  • Religioso(a)
  • O playboy / rico
  • A perua / rica
  • Bom(a) moço(a)
  • Valentão(ona)
  • O(A) líder
  • O(A) tribal
  • Humilde e desapegado(a)
  • Prestativo(a)
  • O(a) antisocial

Compreendendo as próprias máscaras

Após a identificação das máscaras preferenciais, a ação mais importante é compreender quais são as negativas e porque elas são usadas. Quais carências ou estados psicológicos negativos levam o indivíduo a utilizar tais tipos específicos de máscaras? Trazer para a consciência essas respostas certamente resultará em uma revolução nos relacionamentos e no comportamento de qualquer indivíduo.

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Texto: Júlio César de Castro Ferreira

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